ERA UMA VEZ O CINEMA


A Bela e a Fera (1946)

cover A Bela e a Fera

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País: França, 93 minutos

Titulo Original: La Belle et la Bête

Diretor(s): Jean Cocteau, René Clément

Gênero(s): Drama, Fantasia, Romance

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.9/10 (22711 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Prêmios Louis Delluc, França

Prêmio Louis Delluc (Jean Cocteau)

Sinopse: O filme conta a história de A Bela e a Fera de uma forma mística, focando em gestos, expressões e diálogos quase idênticos aos do livro, bem como o desenrolar de determinadas cenas. Creio que todos aqui conhecem a base do conto A Bela e a Fera, porém o filme de Cocteau é como já dito, deveras fiel á obra e como tal. certos acontecimentos podem se revelar bem diferentes se comparado á infantilização do conto realizada pelos estúdios Disney muitas décadas depois. Por isso não se surpreendam com essas diferenças ao ver o filme: saboreie o conto como ele realmente é.

O diretor Jean Cocteau nunca se entitulou como cineasta, preferindo referir-se como um poeta. E a forma mágica e visionária com que contou a clássica história La Belle at La Bête prova que ele era cineasta e poeta ao mesmo tempo. Ao longo do filme somos mergulhados em uma mistura de fantasia e sombriedade.

Talvez seja a cenografia, a filmagem em preto e branco que parece realçar a atmosfera de sonho e devaneio que permeia toda a produção. O roteiro bem conduzido e fiel ao conto original traz elementos ora encantadores, ora sombrios (mais sombrios, diga-se de passagem). Os efeitos especiais para a época em que o filme foi lançado são belos e instigantes, e mesmo hoje é capaz de despertar respeito (para aqueles que sabem apreciar o cinema) graças ao talento de Cocteau.

Existe uma infinidade de detalhes nesse filme que elevam sua qualidade cinematográfica. O castelo enfeitiçado se revela um paraíso genuinamente teatral. Nos vastos corredores do alácio, Bella não apenas anda, ela realmente desliza pelos corredores em expressões e gestos que oscilam entre o desamparo e o desejo.

As velas que jazem nos inúmeros candelabros que iluminam o local são sustentandos por braços humanos afixados ás paredes. E as "mãos invisíveis" mencionadas na obra original, aqui são visíveis. E, ao vermos braços e mãos que surgem de mesas e paredes para realizar as tarefas transmitem uma sensação perturbadora. E o mesmo vale para as estátuas vivas sempre á espreita. Há ainda espelhos que surgem e desaparecem por vontade própria, um corcel branco conrtrolado por encanto e o belo e melancólico jardim que abre e oculta passagens.

Todos esses elementos fantasiosos são magistralmente expostos com margem para a personificação de diversas imagens psicológicas. Isso é provado em cenas na qual não se é preciso utilizar qualquer diálogo para expor sentimentos, pois com gestos e expressões, Josette Day (Bella) e Jean Marais (Fera) os expressam de forma impecável ao lado de objetos que metaforicamente representam o amor de suas vidas. Mas talvez o que mais surpreenda no filme seja a Fera. A caracterização do personagem está, ouso dizer, impecável, especialmente levando-se em conta a época e recursos de produção.

A Fera interpretada e caracterizada por Jean Marais está convicente e natural. Debaixo da maquiagem complexa, Marais foi capaz de transmitir a bondade e sentimentos da Fera, revelando um lado humano apesar da aparência. Tanto é que, quando a Fera se transforma no príncipe, até chegamos a ficar um pouco inseguros (ao ver o filme a atriz Greta Garbo exclamou a frase: " Quero minha fera de volta!".

Josette Day é perfeita em seu papel, sabendo conduzir a singela duplicidade de Bella. Ao mesmo tempo em que mostra ingenuidade e doçura, demonstra firmeza nas decisões e ousadia. Ao final, já nos braços de seu amor, ela é até um pouco irônica.

Aliás, o final do filme é excelente. Jean Marais atuou tanto como Fera quanto como o pretendente da donzela. E, quando retorna á forma humana, ele surge de uma forma teatral e perturbadora perante Bella - seu príncipe possui a aparência de seu antigo pretendente. Isso é explicado em um jogo de cortes de cena e no jardim onde jaz a estátua da deusa Artemis - que, de acordo com o enredo foi a responsável pela magia.

La Belle et La Bête é atraente, um conto de fadas produzido para o público adulto e a prova de que Cocteau em agradar tanto a crítica quanto o grande público. Um filme cult, para ser visto com delicadeza.

 

Elenco: